O que muda
O Novo Acordo Ortográfico foi elaborado para uniformizar a grafia das palavras dos países lusófonos, ou seja, os que têm o português como língua oficial. Ele entrou em vigor em janeiro de 2009.
Ainda há questões controversas, principalmente no que tange ao hífen em palavras compostas. Essas questões só serão esclarecidas com a nova edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, a ser publicado pela Academia Brasileira de Letras.
As mudanças são poucas em relação ao número de palavras que a língua portuguesa tem, porém são significativas e importantes. Basicamente o que nos atinge mais fortemente no dia-a-dia é o uso dos acentos e do hífen.Aqui você encontra as novas regras, o que muda e como devemos escrever com o Novo Acordo Ortográfico.
Alfabeto
O alfabeto brasileiro passa a ter 26 letras, em vez de 23.
Foram incluídas k, w e y, usadas principalmente em siglas e palavras originárias de outras línguas.
Exemplos:
Franklyn, Darwin, darwinismo, Kuwait, kuwaitiano, km (para quilômetro), kg (para quilograma), kW, (para kilowatt).
Trema
O trema foi abolido de todas as palavras da língua portuguesa. Essa marcação servia, originalmente, para destacar a pronúncia do u nas combinações que, qui, gue e gui.
A partir de agora, portanto, escreve-se aguentar, alcaguetar, ambiguidade, bilíngue, cinquenta, consequência, eloquente, enxágue, equestre, frequentar, linguiça, linguística, pinguim, sequestro, tranquilo, ubiquidade, etc.
Porém, o trema é mantido em nomes próprios estrangeiros e suas derivações, como Bündchen, Schönberg, Müller e mülleriano, por exemplo.
antes
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agora
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cinqüenta
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cinquenta
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tranqüilo
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tranquilo
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enxágüe
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enxágue
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pingüim
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pinguim
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Acento diferencial
É o acento usado para diferenciar duas palavras de significado diferente mas escritas da mesma forma. Ele deixa de existir nos seguintes casos:
Para (verbo), que se diferenciava da preposição para;
Pelo (substantivo), que se diferenciava da preposição pelo;
Polo (substantivo), que se diferenciava da preposição polo;
Pera (substantivo), que se diferenciava da preposição pera.
Há as seguintes exceções:
Pôde (verbo poder no passado) conserva o acento para se distinguir de pode (verbo poder no presente);
Pôr (verbo) conserva o acento para se distinguir de por (preposição).
Uso facultativo nos casos:
Dêmos (do verbo no subjuntivo que nós dêmos) para se diferenciar de demos (do passado nós demos);
Fôrma (substantivo) para se diferenciar de forma (verbo).
antes
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agora
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pára (verbo)
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para
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pêlo (substantivo)
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pelo
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pólo (substantivo)
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polo
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pêra (substantivo)
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pera
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Ditongo é o encontro de duas vogais pronunciadas em uma só sílaba.
O acento agudo foi eliminado nos ditongos abertos das palavras paroxítonas, como alcaloide, assembleia, boleia, epopeia, ideia, jiboia, paleozoico, paranoia, onomatopeia.
As palavras oxítonas terminadas em éi, éu e ói continuam acentuadas: chapéu, herói, corrói, remói, céu, véu, lençóis, anéis, fiéis, papéis, Ilhéus.
antes
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agora
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idéia
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ideia
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heróico
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heroico
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Coréia
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Coreia
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jibóia
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jiboia
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Hiato
Os hiatos são sequências de vogais que pertencem a sílabas diferentes.
Foram eliminados os acentos circunflexos nos hiatos dos seguintes casos:
oo – enjoo, perdoo, magoo, voo, abençoo;
ee – creem, deem, leem, releem, veem, preveem
O acento circunflexo continua valendo para sinalizar o plural dos verbos ter e vir e seus derivados: eles têm, eles vêm, eles retêm, eles intervêm.
antes
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agora
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vôo
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voo
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enjôo
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enjoo
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vêem
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veem
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lêem
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leem
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U tônico
A letra u não será mais acentuada nas sílabas que, qui, gue, gui dos verbos como arguir, redarguir, apaziguar, averiguar, obliquar. Assim, temos apazigue (em vez de apazigúe), argui (em vez de ele argúi), averigue, oblique. Pode-se também acentuar desta forma esses verbos: ele apazígue, averígue, oblíque.
I e U tônicos
As palavras paroxítonas que têm i ou u tônicos precedidos por ditongos não serão mais acentuadas. Desta forma, agora escreve-se feiura, baiuca, boiuno,cauila.
Essa regra não vale quando se trata de palavras oxítonas; nesses casos, o acento permanece. Assim, continua correto Piauí, teiús, tuiuiú.
antes
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agora
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averigúe
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averigue
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argúi
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argui
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feiúra
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feiura
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tuiúca
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tuiuca
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Hífen
O hífen desaparece em algumas palavras compostas que perderam a noção de composição, por exemplo: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedista.
Esta é ainda uma questão controversa, que será resolvida com o lançamento do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, VOLP, desenvolvido pela ABL, a ser lançado no início de 2009.
O uso do hífen vai mudar também com alguns prefixos. Consulte a tabela abaixo para saber quando usar corretamente.
A regra geral será a utilização do hífen na maior parte das vezes. O acordo prevê, basicamente, alguns casos em que o sinal poderá ser suprimido. A maior parte deles quando as palavras são compostas por prefixos (como "mini", "micro", "co" e "extra").
Não se usará mais:
1. O prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com s ou r, devendo estas consoantes ser duplicadas, como em "antirreligioso", "antissemita", "contrarregra", "infrassom". Exceção: será mantido o hífen quando os prefixos terminam com r -ou seja, "hiper-", "inter-" e "super-"- como em "hiper-requintado", "inter-resistente" e "super-revista".
2. O prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente. O hífen some. Exemplos: "extraescolar", "aeroespacial", "autoestrada", "autoajuda", "infraestrutura".
3. Prefixo terminando com "R" ou "S" e segundo elemento começando com a mesma letra. Mantenha o hífen. Exemplos: "super-resistência", "inter-relacionamentos".
Ponto de dúvida
A regra geral será a utilização do hífen na maior parte das vezes. O acordo prevê, basicamente, alguns casos em que o sinal poderá ser suprimido. A maior parte deles quando as palavras são compostas por prefixos (como "mini", "micro", "co" e "extra").
A regra diz que devem ser aglutinados nos casos em que o primeiro elemento terminar em vogal e o segundo elemento começar em "r" ou "s", dobrando-se a consoante, como em "minissaia" e "microrradiografia". No caso em que o primeiro elemento termina em vogal e o segundo começa com uma vogal diferente, a palavra também deve ser escrita sem o hífen, como "coeducação" e "hidroelétrico".
No caso de termos compostos de duas palavras, a tendência é continuar valendo a regra atual, segundo Godofredo de Oliveira Neto, presidente da Colip (Comissão para Definição da Política de Ensino-Aprendizagem, Pesquisa e Promoção da Língua Portuguesa). "Quando a palavra for formada por substantivo, adjetivo, numeral ou verbo, terá hífen", afirma.
Assim, o sinal será utilizado mesmo em palavras como "porta-retrato" e "primeiro-sargento", apesar de as novas regras dizerem que quando o primeiro elemento termina em vogal e o segundo começa "r" ou "s" a consoante deva ser dobrada, como em "antissemita" e "ultrarrápido" (como passarão a ser escritas as palavras após a vigência do acordo)".


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